Blaise Pascal nasceu em 1623. No livro “Penseés”, ele apresenta um argumento que supostamente demonstraria que acreditar no deus cristão era a melhor coisa que se poderia fazer. Até hoje, esse argumento ainda surge em discussões sobre o assunto.
Ele pode ser apresentado da seguinte forma:
Podemos acreditar ou não em Deus.
Deus pode ou não existir.
As combinações das possibilidades e suas conseqüências são as seguintes:
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Deus existe | Deus não
existe |
Acreditamos em Deus | Felicidade Eterna | Nada |
Não
acreditamos em Deus |
Sofrimento Eterno | Nada |
Logo, acreditar no deus Cristão seria a aposta mais segura, uma vez que não traria nenhum prejuízo e não excluiria a possibilidade da felicidade eterna.
Qualquer pessoa suficientemente esclarecida irá identificar facilmente as falhas desse argumento. Esse não é o meu objetivo aqui.
Proponho que aceitemos o argumento. Sim, acreditar em Deus é a melhor aposta. Mas como devemos adorá-lo? Que tipo de Deus é esse?
Tradicionalmente, dividimos deidades em três tipos: benignas, neutras e malignas. Para simplificar as coisas, vamos ignorar os deuses neutros (sua indiferença não afetaria o argumento).
Temos então duas possibilidades quanto a Deus: ou Deus é bom, ou Deus é mau.
Nós também temos duas alternativas quando ao nosso comportamento: ou veneramos um deus bom, ou veneramos um deus mau.
Vamos refazer a tabela:
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Deus é bom | Deus é mau |
Veneramos um deus bom | Felicidade Eterna | Sofrimento eterno. MUITO sofrimento. Se o Deus sumamente bom do cristianismo
condena pessoas ao fogo eterno, imagine o que faria um deus maligno. |
Veneramos um deus mau | Um período de dor. Mas, como deus é infinitamente
misericordioso, seriamos perdoados e atingiríamos a felicidade eterna. |
O monstro está feliz conosco e não vai nos comer. |
Ou seja, a melhor aposta é venerar um deus maligno. Esqueça as igrejas e a caridade. Vamos nos reunir em covis subterrâneos e sacrificar virgens. Vamos espalhar o caos pelo mundo, ouvir funk no ônibus, incendiar orfanatos. O deus bondoso nos perdoaria, o deus maligno nos aprovaria. Não há como perder.
Um comentário:
BUMP!
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